domingo, 9 de março de 2014

Cólicas: guia de sobrevivência.

Parece ter sido há um milhão de anos. Primeira noite com um serzinho novo em casa. Perplexos, deliciados e ao mesmo tempo mortos de medo, eu e Marcelo, sem saber o que fazer ou como nos portar com uma pessoinha tão pequena e frágil, precisávamos processar a idéia de que, pela primeira vez, tínhamos alguém que dependia 100% de nós, que estava totalmente sob nossa responsabilidade. A criança não consegue nem virar gente, e se ficar com dor nas costas de ficar na mesma posição a noite toda? E se sentir fome e eu não acordar? E se golfar então, e se engasgar. Qualquer coisa, desde um cisco no olho até uma perna quebrada, a culpa é nossa, a pequenininha saiu de um lugar tão aconchegante e quentinho, não sabe nem o que está fazendo nesse mundo enorme e frio, como vai se defender dos males que existem nele? Eram tantas dúvidas... Mas nada me prepararia pra o que estava por vir. 
Calma, ninguém morreu! E quem nunca passou por isso vai achar que eu sou uma idiota completa. Mas, acredite se quiser, mesmo tendo se passado um ano, as lembranças das cólicas de Lucy continuam arrepiando os pelinhos do meu braço! Desespero descreve. Ter o SEU bebê em seus braços (pq quando o neném é do vizinho a coisa é diferente), chorando a plenos pulmões, e você ali, sem ter o que fazer porque já tentou absolutamente tudo, é enlouquecedor.

Já tinham me antecipado: bebê com cólica é o Ó do borogodó, não tem nada pior. E eu pensava, minha gravidez foi tão tranquila que minha bebê vai ser a paz em pessoa. Que engano. Os três primeiros meses foram seguidos por noites e noites em claro e uma bebê nervosa durante o dia, porque não conseguia descansar bem. Por isso, mesmo depois desse tempão todo, acredito que eu fui marcada o suficiente durante esse período para tentar dar uma força para as mamães que estão passando por isso hoje. 
Na segunda semana de Lucy nesse mundinho, ela apresentou sua primeira crise. Já tinha ouvido dizer que a mãe acaba aprendendo o que quer dizer cada chorinho do bebê. Com minha pequena eu aprendi a diferenciar o choro de dor bem rápido. Como ela é muito branquinha, ficava quase roxa de tanta força que fazia pra chorar e soava como se estivessem cortando-a ao meio. Ela se espremia e endurecia a barriga. Faltava o ar. Encolhia as perninhas. Me vêm lágrimas nos olhos só de lembrar. Então acabei me tornando uma profunda conhecedora de técnicas descólicazantes, pesquisando em google, blogs, fóruns, consultórios pediátricos e etc. Mas tenho que lhe avisar, que dependendo do grau da cólica do filhote, o jeito é sentar e chorar junto, porque nada resolve. Perdi as contas de quantas vezes fiz isso. Mas de qualquer jeito, repassarei essas dicas, porque algumas vezes funciona de verdade! 
- Passe tranquilidade ao seu bebê. Isso é primordial! Não importa se por dentro você está a ponto de ir pra lua de desespero, respire fundo e se lembre que seu neném precisa de você e da sua calma como nunca. Foque todas as suas atenções nele e aproveite pra praticar duas coisas que serão rotina na sua vida a partir de agora: a renúncia e a paciência. 
2º - Faça massagens nele. Aperte as perninhas contra o abdômen, pedale como uma bicicleta, faça movimentos circulares na barriguinha. Aprenda a Shantala. Em geral, mesmo sem cólicas, eles adoram. Eu costumava passar um óleozinho que esquentava enquanto eu massageava e já um tempinho depois os puns começavam a sair e a barriga amolecia um pouco. 


- Dê um banho morno, só pra relaxar. O banho na banheira já costuma ajudar, mas o que eu, por experiência recomendo, é o Tummy Tummy. O bebê fica na posição do útero, com a barriguinha comprimida, e isso faz com que ele acalme a mente e a água morna age sobre a cólica. É um método muito legal e eficaz, enquanto as cólicas estão em um nível controlável. Dê uma olhada no Youtube, têm um moonte de vídeos ensinando como usar com recém nascidos. 

- Dê peito. Muitas vezes eles ficam tão agitados com a dor que nem conseguem sugar, mas só a sua proximidade e o calor do seu corpo com o dele já ajudam a acalmá-lo.
- Eu sou adepta aos remédios. Sei que muitas mães não gostam de dar, e respeito, até apóio. Mas tinham vezes com a Lucy que não aguentava vê-la sofrendo daquele jeito, e então fazer o quê, dá-lhe gotinhas. Já nem pensava mais no luftal, porque era caso perdido, nunca fez efeito quando ela estava no pico da dor. Meu pediatra me receitou alguns que com minha filha funcionou e não fez mal, até uns fitoterápicos, mas vou me abster de postar os nomes, porque o que não faz mal pra um pode dar um piripaque em outro né? E já basta me responsabilizar pelas dores de Lucy. Nesse caso prefiro que cada um siga o conselho de seu pediatra - remédio para bebês podem funcionar, mas SÓ com prescrição médica. 
- Agora aqui está um ato um pouco controverso, mas que é tiro e queda pra acabar com os choros (pelo menos por uns instantes). Vi no Youtube e deu certo tanto para a Lucy quanto para meu sobrinho Pietro. Basta você ligar um secador de cabelos no ambiente em que você está com o bebê (pelo amor de Deus, não o deixe perto da cria e nem em nenhum lugar que possa causar um acidente). Dizem que o som é exatamente igual ao que ele escuta dentro da barriga, e ele se acalma no segundo em que o trem é ligado. Juro por Deus mamães. Nada conseguiu desligar o choro da Lucy tão rápido e tantas vezes. Usei essa técnica muitas vezes, ela dormia com o secador ligado. O problema é, se estiver acordado, assim que o secador é desligado, o choro retorna (Ufff).
- Fiquei tão traumatizada que resolvi cortar um mooonte de alimentos da minha vida, porque muita gente diz que pode passar para o leite. Durante três meses emagreci horrores, porque não comia praticamente nada! Obs: as cólicas da Lucy continuaram a todo vapor. Então até hoje não sei dizer se isso dá resultado ou não; pra mim não funcionou. 
- Está sentindo que está à beira da loucura? Chame o papai! Chame a vovó, a titia, a amiga querida, sei lá quem, mas se permita passar a bola de vez em quando. Todas nós, mulheres paridas, sabemos que o resguardo nos deixa um pouco doidas e com pensamentos descontrolados às vezes, à beira da psicose, por isso fazemos coisas que ninguém mais entende. Lembro que, de vez em quando, eu já estava tão piripaqueada e cansada que não conseguia acalmar a Lucy. Quando meu marido pegava, dava duas balançadinhas e ela quietava. Ah, eu faltava morrer! Pensava que ela não gostava mais de mim, morriiia de ciúmes! Hoje, pensando com a mente sã, é lógico que ela nunca ia se acalmar nos meus braços se eu estava mais nervosa que a pobrezinha. Por isso, poupe seu bebê e a si mesma algumas vezes. Procure a primeira pessoa mais controlada na sua frente e tente ao máximo absorver sua insensatez! Se o neném se acalmar, erga as mãos pros céus, tome um banho fresco e tente dormir (acredite em mim, você precisa de um tempo pra você!).
9º e último - Quando tudo acima dava errado e eu via que já não era só a barriga que estava doendo, mas também a cabecinha dela de tanto chorar, eu simplesmente fechava a porta do quarto e deixava tudo escurinho, a meia luz, acalentava minha bebê, cantava baixinho e ficava lá fazendo companhia pra ela até a dor passar, ou até vê-la fechar o olhinho e dormir. 

Lembre-se disso mamãe de primeira viagem (como eu): Você é a pessoa que seu bebê mais conhece e confia quando chega de novato nesse mundo. Às vezes, ele não espera que a dor vá passar, mas fica assustado com uma situação tão ruim e nova. E quando isso acontece com a gente, tudo o que queremos e ter um ombro amigo pra chorar certo? Com ele não é diferente. O seu cheirinho não vai mandar o desconforto embora, mas vai deixá-lo seguro, ele vai saber que não está sozinho. Nesse meio tempo repita como um mantra pra si mesma que isso vai passar, como um passe de mágica em algum momento (rápido). As dores de Lucy passaram por volta de três meses e meio, e só então eu vi que toda aquela irritação era por causa das benditas (pra não dizer outra palavra) cólicas. Minha filha virou outra pessoa, e é até hoje uma das crianças mais calmas que eu conheço. 
Dizem por aí que o que não nos mata nos fortalece. E esse vínculo fortalecerá inclusive a proximidade de vocês dois. Tem coisa melhor que dar um beijinho pra dor do filho passar? Tem!! Ver no olhinho dele que ele quer você por perto, independente da dor. Seja você o conforto que ele precisa agora, porque acredite ou não, até momentos horríveis como esse podem trazer um reflexo bom no futuro. O bebê minúsculo que você carrega nos braços agora vai crescer num piscar de olhos, mas a cumplicidade de vocês vai se manter firme, forte, não importa o quanto o tempo corra.
Aguentemos firme! Porque queremos. Porque amamos. Porque tudo que importa no final das contas é ver o filhote bem ,se sentindo seguro e sabendo que ele sempre terá um um lugar tranquilo pra correr e se aconchegar: colo de mãe!
Obs: Só pra constar: os arrepios no braço ao se lembrar desse monstrinho não vai embora não viu? Não custa avisar né? 

Beijos
Michelle Vargas 




  


Um comentário:

  1. Ameii o seu blog flor arrasou
    http://frasesloucasdeumaadolescente.blogspot.com/

    ResponderExcluir